Diabetes: no topo da lista de doenças crônicas mais prevalentes no mundo

As farmácias têm um papel importante para ajudar a população a começar a entender mais sobre a própria saúde com os exames de triagem, como a glicemia glicada, e receber um encaminhamento adequado

O diabetes continua no topo da lista de doenças crônicas mais prevalentes no Brasil e no mundo. Até 2045, haverá um aumento de 55% no total de casos, ou seja, um incremento de 49 milhões de novos diagnósticos e o tema merece o destaque já que dia 14 de novembro é o Dia Mundial do Diabetes.

De acordo com a gerente médica de diabetes e obesidade da Merck, Fabiana Mandel Cyrulnik, as projeções de crescimento continuam subindo em curva inclinada e entre os motivos dos dados alarmantes estão fatores de risco como obesidade e sobrepeso, sedentarismo, consumo exagerado de alimentos ultraprocessados, diabetes gestacional, antecedente familiar de diabetes tipo 2, mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) e o pré-diabetes. “O pré-diabetes ocorre quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas ainda não elevados o suficiente para caracterizar o diabetes tipo 2. Estudos populacionais trazem uma visão sólida sobre a importância do tratamento medicamentoso do pré-diabetes em certos grupos de pessoas para que elas não desenvolvam o diabetes. Dados atuais mostram que 70% das pessoas com pré-diabetes desenvolveram diabetes ao longo dos anos.”

Segundo o Atlas do Diabetes, da International Diabetes Federation, o Brasil é o sexto país com maior número de pessoas com diabetes no mundo – cerca de 15,6 milhões – e estima-se que 90% dos pacientes com Diabetes do tipo 2 (DM2) também tenham sobrepeso ou obesidade. A gerente médica da área de diabetes da Lilly Brasil, Rosana Silva, pontua que a coexistência dessas duas condições crônicas, DM2 e obesidade, é comum porque o excesso de peso faz com que o corpo tenha dificuldades em responder à ação da insulina produzida e, por consequência, em regular os níveis de açúcar no sangue.

“Tem-se observado um aumento na prevalência dessas duas doenças crônicas devido ao ambiente cada vez mais ‘obesogênico’ em que vivemos, no qual as pessoas estão expostas a escolhas alimentares não saudáveis e há um aumento dos comportamentos sedentários. A manutenção do peso corporal, a adoção de hábitos alimentares saudáveis e a prática regular de atividade física são pilares fundamentais para a prevenção do diabetes tipo 2. Naqueles pacientes que já desenvolveram a doença, a manutenção de níveis glicêmicos adequados é necessária para evitar as complicações associadas à doença como por exemplo eventos cardiovasculares (AVC e infarto), retinopatia diabética (complicação na visão), insuficiência renal, dores neuropáticas e amputações. Mas atualmente no Brasil 68% dos pacientes com DM2 não conseguem manter níveis glicêmicos adequados (hemoglobina glicada <7%), o que é um cenário bastante preocupante.”

O diretor comercial da Merck para Healthcare no Brasil, Fausto Viana, diz que o aumento de número de casos de diabetes é preocupante e todos os envolvidos no ecossistema de saúde precisam estar preparados para que o paciente tenha as ferramentas necessárias para o diagnóstico e controle da doença, já que a falta de tratamento adequado e de adesão pode trazer graves consequências. “As recentes mudanças de regulamentação, que agora permitem que as farmácias façam testes de triagem, tornam esses espaços ainda mais relevantes no ecossistema de saúde. O paciente com diabetes precisa estar atento aos seus indicadores de saúde com frequência, e as farmácias podem ser um acesso para o primeiro atendimento, sempre alinhado com a atenção primária e os especialistas.”

O executivo pontua ainda que segundo a Federação Internacional de Diabetes (FDI), são mais de cinco milhões de brasileiros com diabetes sem diagnóstico e a falta de tratamento pode trazer consequências graves. “As farmácias podem ter esse papel importante para ajudar a população a começar a entender mais sobre a própria saúde com os exames de triagem, como a glicemia glicada, e receber um encaminhamento adequado.”

Inovações para o paciente com diabetes

São muitas oportunidades para as farmácias, como um mix de venda física e online e espaços dedicados a produtos que possam colaborar no tratamento. Porém, apesar de ser um desafio para o varejo brasileiro, Viana, da Merck, lembra que é importante que haja um atendimento ao paciente com diabetes, considerando que o tratamento é vendido sob prescrição médica.

Descoberta pela Merck há 100 anos, a metformina é o princípio ativo do Glifage®, medicamento mais vendido no Brasil em unidades. A Merck é líder no mercado de diabetes tipo 2 com Glifage® e aproximadamente 98% da metformina comercializada no País é produzida na fábrica da Merck no Rio de Janeiro. “A cada segundo três caixas são produzidas em Jacarepaguá, onde nossas equipes de produção se revezam diariamente e sem interrupção. Para atendermos a demanda do mercado brasileiro e tratar os mais de cinco milhões e meio de pacientes que usam a metformina fabricada pela Merck, investimos cerca de R$ 125 milhões de reais na fábrica entre 2020 e 2022. Até 2025 investiremos mais R$ 100 milhões, visando modernizar nossa fábrica e seguir atendendo o mercado. A capacidade produtiva atual é de mais de três bilhões de comprimidos por ano, em maioria destinada ao mercado local, mas com uma parte exportada para alguns outros países, como Chile, Peru, México, entre outros.”

A Lilly tem como propósito unir cuidado com descoberta para criar medicamentos que melhorem a vida das pessoas em todo o mundo. Em 2022, 48 milhões de pacientes foram beneficiados pelas nossas terapias. “São milhões de vidas impactadas por meio de investimentos em ciência, inovação e pesquisa, o que reforça nosso comprometimento na construção do nosso futuro”, revela Rosana.

Ela complementa dizendo: “A perspectiva de novos estudos e moléculas para o tratamento do diabetes é otimista não só para os pacientes, mas também para médicos que contarão com um arsenal terapêutico melhor para apoiar suas necessidades individuais. Esse cenário também vai acabar impactando comercialmente as farmácias, que hoje são espaços de saúde em que os pacientes podem tirar as suas dúvidas e receber atendimento dos farmacêuticos de plantão.”

A empresa é líder em pesquisa e desenvolvimento em diabetes e revolucionou o tratamento da doença em vários momentos, como quando disponibilizou a primeira insulina em larga escala no mundo em 1923 e na introdução da insulina humana em 1982, que foi o primeiro medicamento biológico feito a partir de DNA recombinante. “Temos o propósito de melhorar a vida das pessoas com diabetes e investimos 25% do faturamento em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, com previsão de novos lançamentos para os próximos anos.”

Os destaques ficam para:

  • Tirzepatida: trata-se de uma nova classe de medicamento de uso injetável subcutâneo, semanal, para o tratamento do diabetes tipo 2, o primeiro e único agonista dos receptores GIP e GLP-1.
  • Retatrutida: trata-se de uma nova classe de medicamento injetável, uma molécula que atua como agonista nos receptores de três hormônios, o GIP, o GLP-1 e, também, o glucagon. A molécula ainda está em fase de estudos para o tratamento de doenças crônicas associadas ao excesso de peso (diabetes tipo 2 e obesidade).
  • Orforglipron: trata-se de um novo medicamento oral, o primeiro oral não peptídico que atua como agonista no receptor do hormônio GLP-1. A molécula também está em fase de estudos, sendo avaliada para o tratamento de doenças crônicas associadas ao excesso de peso.

A gerente médica da Novo Nordisk, Monica Palmanhani, destaca duas inovações da empresa em diabetes. A primeira é a insulina Icodec, que é a primeira insulina basal do mundo a ser utilizada uma vez por semana, que está em estudos em fase 3 que apontam sua alta eficácia no controle do diabetes tipo 2 em adultos. Essa insulina, que reduz em 85% a quantidade de aplicações por ano, chegará ao mercado em alguns anos.

“Já o segundo grande destaque é sem dúvida o Rybelsus (semaglutida oral diária), que é uma revolução no tratamento do diabetes tipo 2, por ser o primeiro e único análogo de GLP-1 oral para o tratamento da condição. Além disso, o comprimido foi produzido com a tecnologia SNAC, uma inovação que impede a pílula de se quebrar no ácido estomacal, fazendo com que o medicamento seja absorvido pela parede do estômago, chegando à corrente sanguínea. Tem grande eficácia em termos de controle de hemoglobina glicada em comparação com outros tratamentos antidiabéticos orais, perda significativa e sustentada de peso, é seguro para diversos perfis de pacientes, como idosos e pessoas que apresentam doença renal, seja leve, moderada ou grave, por exemplo, e além disso apresenta segurança cardiovascular. É sempre importante lembrar que 43% dos pacientes com DM2 possuem doença cardiovascular e desse percentual, cerca de 90% têm doença cardiovascular aterosclerótica”, finaliza.

A Boehringer Ingelheim tem um compromisso contínuo com a inovação no tratamento do diabetes. Entre as principais inovações, destacam-se os medicamentos que visam melhorar o controle glicêmico e reduzir riscos cardiovasculares em pacientes com diabetes tipo 2.

Em março deste ano, a aliança Boehringer Ingelheim e Eli Lilly lançou Jardiance® Duo (empagliflozina + cloridrato de metformina). O novo medicamento é uma combinação fixa de empagliflozina e metformina para o tratamento de pessoas com diabetes tipo 2, em adição à dieta e exercício físico, em pacientes cuja glicemia não foi adequadamente controlada com metformina ou empagliflozina isoladamente ou em combinação com outros medicamentos redutores de glicose ou quando os pacientes já utilizam os dois medicamentos de forma separada. Ele está disponível nas doses de 12,5/850 e 12,5/1000 de empagliflozina/metformina.

A gerente médica da Boehringer Ingelheim, Milena Vita, revela que em 2022, Jardiance® recebeu a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar pacientes com qualquer um dos tipos de insuficiência cardíaca, seja com fração de ejeção preservada ou reduzida. O medicamento é comercializado desde 2015 para diabetes. E com essa nova indicação pode ser prescrito para o tratamento de adultos com insuficiência cardíaca com ou sem diabetes.

Além disso, a empresa investe em pesquisa e no desenvolvimento, visando oferecer soluções eficazes e seguras para melhorar a qualidade de vida das pessoas com doenças cardio-renal-metabólicas. “Um exemplo disso é o ensaio clínico de Fase III EMPA-KIDNEY, que demonstrou benefício cardiovascular e renal significativo em adultos que vivem com doença renal crônica (DRC)1-2. Quando tratados com empagliflozina, o risco de progressão da DRC ou morte cardiovascular foi significativamente reduzido em 28%1-2. Os dados foram anunciados em novembro do ano passado pela Universidade de Oxford, pela Aliança Boehringer Ingelheim e Eli Lilly, durante a Semana do Rim 2022 da American Society of Nephrology (ASN/ tradução livre: Sociedade Americana de Nefrologia) e publicado simultaneamente no The New England Journal of Medicine.”

Como criar um espaço na loja especializado para produtos destinados aos pacientes acometidos pelo diabetes?

A gestão de categoria se torna essencial nesse processo.

O famoso cantinho do diabetes não se faz mais necessário. O que realmente é efetivo é uma gestão de categoria precisa, atrelada a serviços farmacêuticos relevantes.

Tudo isso sendo implementado dentro do atendimento padrão aos clientes, no balcão!

Fonte: gerente comercial da Novo Nordisk, Bruno Casselli

Testes, tiras, lancetas e medidores de glicemia – qual o potencial para o canal farma?

Diante das várias frentes de tratamento, que exigem diversos cuidados do paciente, pessoas com diabetes costumam ter gastos fixos altos nas farmácias, envolvendo um amplo sortimento de produtos. Se considerarmos um paciente que comprará apenas produtos relacionados diretamente ao tratamento, como um refil de insulina, agulhas, adoçantes, lenços para limpeza da pele, monitor de glicemia, lancetas e tiras de monitor, ele gastará cerca de R$ 550,00. Lembrando que, nestes números, não estão inclusos os gastos com doenças concomitantes, que podem ser diversas; e os demais produtos que deveriam comprar, como os cuidados gerais e produtos diet. Portanto, é, sem dúvida, um consumidor com alto ticket médio e, diante da sua importância, precisa, sim, de um atendimento personalizado.

Se esses potenciais clientes forem bem atendidos e houver um trabalho competente de orientação, com certeza, haverá um maior volume de vendas e resultados para a farmácia.

Fontes: BD Diabetes Care; e a consultora especializada em varejo farmacêutico, Silvia Osso

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