OTCs geram melhores margens quando expostos no autosserviço
Os MIPs já são altamente relevantes para a farmácia, seja do ponto de vista de faturamento ou por serem a categoria destino número 1 para o setor. Mesmo assim, existem potencial para avançarem de forma significativa
O mercado de medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) ou Over the Counter, que significa fora do balcão (OTC, na sigla em inglês), representa um grande potencial para o varejo farmacêutico. Os investimentos são reflexo da própria natureza da categoria, que se mostra cada vez mais uma grande aliada do consumidor e da saúde pública.
Segundo informa o diretor comercial de Consumer Healthcare na Sanofi, Silvio Silva, no cenário mundial, o Brasil é considerado o quarto País, entre os avaliados, que mais pratica ações voltadas aos pilares defendidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A constatação foi feita na publicação do “Self-Care Readiness Index”, publicado pela Federação Internacional de Autocuidado (GSCF), responsável por comprovar que capacitar as pessoas a praticarem o autocuidado contribui para a sustentabilidade dos sistemas de saúde, além de os impactos positivos na vida e na saúde dos indivíduos.
Para o diretor na ARTEGIST Healthcare Consulting, Cesar Bentim, os MIPs são altamente relevantes para a farmácia, seja do ponto de vista de faturamento ou por serem a categoria destino número 1 para o setor. Mesmo assim, entende que ainda podem avançar significativamente, no Brasil.
Ele pontua alguns fatos importantes, como:
- Ainda existem muitos varejistas que deixam os MIPs confinados atrás do balcão, inibindo a escolha que o consumidor pode fazer por sua marca de preferência;
- O espaço destinado para os MIPs ainda pode ser ampliado. Quando considera-se apenas o faturamento advindo do autosserviço, os MIPs chegam a 40% de importância. Mesmo assim, ainda há varejistas que não chegam à metade desse potencial. Uma maneira de fazer isso é redimensionar seu mix, encontrando mais espaços para os MIPs;
- Os MIPs muitas vezes podem complementar a cesta de compra dos consumidores, com o abastecimento da farmacinha, por exemplo;
- Há um potencial em discussão na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre moléculas que podem perder sua tarja e se tornarem MIPs como em muitos países pelo mundo, mas esse ponto não depende da farmácia, ficando apenas como mais um tema de potencial futuro.
A presidente executiva da ACESSA, Dra. Marli Sileci, explica que os MIPs oferecem benefícios significativos para a população, pois permitem o acesso rápido a tratamentos para sintomas e condições leves, sem a necessidade de consulta médica, mas sempre seguindo as orientações da bula e rotulagem e tirando dúvidas com o farmacêutico, caso seja necessário. Isso pode economizar tempo e dinheiro para os consumidores. O uso responsável dos MIPs enquadra-se no primeiro pilar de Autocuidado. Em função de seu alto perfil de segurança, eles são utilizados na prática da automedicação consciente e dão mais autonomia para as pessoas cuidarem da própria saúde e bem-estar. “É importante reforçar que a automedicação não deve ser confundida com a autoprescrição, prática danosa que consiste no uso de medicamentos com tarjas vermelhas ou pretas por conta própria, sem a indicação de um médico.”
Principais oportunidades em MIPs
Antes de mais nada é importante realizar uma boa organização, guiada pelos princípios de gestão de categoria, isso, de acordo com Bentim, traz um potencial de aumento de vendas relevante. É preciso aumentar ainda o espaço destinado a essa categoria, substituindo outros não tão relevantes para o consumidor. “Caso sua linha de MIPs ainda esteja confinada, a oportunidade pode ser ainda maior, além disso, os MIPs podem complementar uma série de tratamentos, por meio das orientações do ponto de vista da Atenção Farmacêutica.”
O especialista comenta ainda que pelo canal farma ter exclusividades nas vendas de MIPs eles ganham mais força ainda. “Além da exclusividade, temos em mãos uma categoria de medicamentos onde os clientes são atores ativos no consumo, ampliando nossas possibilidades de vendas, sob a possível supervisão de um profissional capacitado – o farmacêutico. E aqui temos mais uma oportunidade de aplicar nossa relação com o consumidor. Do ponto de vista da relação com a indústria, podemos apoiá-los na exposição das marcas, trazendo mais um grande benefício com a venda de espaços e promoções.”
A exposição de MIPs no autosserviço é fundamental, pois permite que os clientes examinem os produtos e façam escolhas com mais informações, conscientes e com opções para o alívio dos seus sintomas. “Ainda pensando em pontos físicos, em caso de dúvidas do consumidor, o farmacêutico tem a oportunidade e o papel essencial de orientar as pessoas sobre a escolha do medicamento mais adequado para tratar seu sintoma, tirar dúvidas sobre a utilização correta dos MIPs e, se necessário, encaminhar essas pessoas a consultarem um médico. Segundo dados da IQVIA, em pesquisa realizada em parceria com a ACESSA, 77% das pessoas consideram os farmacêuticos uma fonte importante de informação. O brasileiro confia nos profissionais de farmácia”, considera a Dra. Marli, da ACESSA.
Dentro dos pontos de venda (PDV), Silva, da Sanofi, diz que existem alguns pontos estratégicos, são eles: o ponto natural, ou seja, a sessão de analgésicos, o balcão, que irá garantir uma interação entre o consumidor e o farmacêutico, o que pode gerar uma conexão maior com o produto, com visibilidade dos produtos e melhorando a experiência do consumidor que busca a promoção do autocuidado; e no caixa, em que a pessoa ainda possui uma última oportunidade de garantir o produto antes de sair da loja. Ele destaca ainda a gôndola de vitaminas, pela busca de produtos para o aumento da imunidade.
A área de Consumer Healthcare na Sanofi compreende os MIPs e produtos de consumo, que são uma das principais linhas de atuação da empresa no Brasil. “A unidade de consumo tem preocupação com problemas mais comuns que afetam boa parte da população, como dores de cabeça e musculares, rinite alérgica, além de linha de vitamínicos, gastrointestinais e os MIPS facilitam esse acesso para os nossos consumidores, sendo parceiros estratégicos na jornada de saúde e bem-estar do consumidor, afinal nossa missão é apresentar as melhores soluções e proporcionar uma vida mais plena e saudável para as pessoas, alinhado à nossa missão ‘a saúde em suas mãos’. Para isso, nós contamos com um vasto portfólio de marcas. Além disso, a área de Consumer Healthcare na Sanofi capacita por meio de informações sobre a importância do autocuidado, incentivando as pessoas a levarem uma vida mais saudável e produtiva e facilitando a acessibilidade dos nossos produtos, onde levamos saúde e bem-estar para os consumidores, trazendo sempre a melhor experiência em soluções de autocuidado, lembrando, mais do que nunca que a saúde está em suas mãos, como destaquei acima.”
A exposição de MIPs no autosserviço é fundamental, pois permite que os clientes examinem os produtos e façam escolhas com mais informações, conscientes e com opções para o alívio dos seus sintomas.